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ou a autonomia da personalidade
sempre que se erguia, batia-lhe o vento na cara. oscilava como bambu em jardim e suspirava bem fundo lá dentro. hoje será outro dia, pensava enquanto ajeitava as madeixas coloridas. sim, hoje será outro dia.
durante muito tempo, aconteceu assim todos os dias. vinha vento e vinha chuva, vinham promessas de dias solarentos e ela aguentava-se como bambu em jardim e suspirava bem fundo lá dentro. houve dia em que o vento não soprou, dia em que chuva não caiu e o sol espreitou, escancarou-se deixou-se ficar. o bambu que oscilava ficou firme e enraizou. os suspiros diminuiram e o ar tornou-se menos denso. apareceram pessoas de todos os lados, com as mantas e os piqueniques e formaram clareira à volta dela. ela inchou e espraiou, gozou e manifestou-se. veio mais gente com seus animais e pássaros de estimação. e, a partir dessa data, o domingo nasceu para toda a gente.