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ou a autonomia da personalidade
Não sei se é coisa que me irrite, se simplesmente me envergonhe.
Aqueles que tratam os idosos como se fossem atrasados mentais.
Que lhes falam como se fossem surdos profundos, que lhes tocam como se fossem familiares directos e que lhes façam perguntas como se estas pessoas nunca tivessem raciocinado por si próprias...
Eu entendo aqueles "velhos" que ouvem atentamente a resposta, olhar perdido no infinito, paciência infinita em olhar doce, aqueles que ouvem até ao fim e que, no final, se levantam com um sorriso de complacência e nos fazem um manguito sem proferir uma única palavrinha...
Gente pronta para o fim, farta de futilidades da juventude acelerada. Gente sem tempo para o pouco tempo que lhes resta, gente que quer fazer o que lhes apetece, não o que lhes é aconselhado.
Gente que não podendo fazer o pino, o fazem dentro da própria memória. Gente que deve querer gritar mas cuja traqueia já não o permite, gente que nos quer mandar a todos para as urtigas mas têm medo de ser "internados" numa casa que não é a sua.
Gosto de velhos. Gosto de velhas.
Gosto de gente com histórias, com esperança no olhar e com coragem para o grande final. Não incomodar por favor.