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ou a autonomia da personalidade
O remake da novela brasileira Gabriela trouxe de volta ao sofá em horário nobre...
...os homens.
As mulheres já lá andam sentadas à décadas mas ninguém tinha dado por isso ainda...
Homens mais velhos do que eu, mais novos, da minha idade, homens em geral, casados e solteiros, enfim, maior parte daqueles que eu conheço, pelo menos.
Sentou-os em frente ao ecrã a seguir atenta e diariamente um romance de cordel escrito há pelo menos 60 anos, coisa que maior parte deles (afirma) não o fazia...
Qual será a grande razão que os leve a seguir atentamente, opinar no dia seguinte e gravar (em caso de noite de jantarada... ) uma novela brasileira com tanto afinco?
Na maioria dos casos presumo que a qualidade das imagens (HD ou película, não sei bem), a beleza dos décors, adereços e guarda-roupa (oh meu Deus aquele guarda-roupa é magnífico) a banda sonora e os diálogos eloquentes serão a grande mais-valia
Ou não, que ingenuidade a minha, isso é o que nós as gajas fazemos. Abismamos com aquelas pestanas carregadíssimas de rímel, pasmamos com aqueles corpetes de quenga e achamos que o Carnaval é uma óptima altura para nos quitarmos daquela maneira.
Sim, deliramos com aqueles vestidinhos maravilhosos, as luvas rendadas e os chapéus. Chapéus de aba curta, chapéus de aba média e toucados, com as plumas e as jóias e com moço de paletó e bigodinho bem desenhado, cigarrilha e polaina, que tanto jeito deve dar naquelas estradas alcatroadas!!
Sim, isso é o que nos agarra ao ecrã. Aquelas cenas de namoro em recato e aquelas assertividades de carácter de moço de suspensórios, tão dignos porque amam incondicionalmente, tão corajosos que sublimam ainda mais esse amor que nutrem pelas donzelas. Esses homens que fiéis à sua honra e cavalheirismo se passeiam provocando suspiros e contrições, e nos deixam meio embasbacadas e confusas porque nos custa a acreditar que já existiram homens assim...
E eles?
O que se passa com eles?
Será a consubstanciação masculina em relação à definição de macheza e ao trato feminino, entre paredes especialmente?
Será a crença que mulher tem que ser moça e pendurada na janela quando existirem razões para acalmar a insegurança de alguns?
Ou será o desejo que todo o macho almeja tipo "What happens in Bataclã stays in Bataclã", para se encostarem a uma ideia pré-concebida que gajo que é gajo é fiél aos outros gajos e ponto final...
Ou será ainda convicção que avantesma que tem guita e poder (leia-se ausência de escrúpulos) deve continuar a regulamentar à lei da força e quem não acha que se cale para sempre ou se ponha a andar?
Eu, depois de reflectidamente ponderar o assunto cheguei a conclusões brilhantes.
Aquelas barbaridades que são cuspidas daquelas bocas altamente maquilhadas, aqueles diálogos fascinantes e sketches de comédia pura, aquela tensão vivida em planos magníficos e a cor daquela Ilhéus não deixa margem para dúvidas.
Somos todos culpados.